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 > 08 Março 2005 | Noite

“Não é absolutamente necessária a criação de uma Ordem”

 

  “As entidades patronais não querem uma Ordem, pois quantos menos direitos tiverem os jornalistas melhor” afirmou, ontem, o juiz Eurico Reis, Presidente da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas, no “À Conversa com…”, uma actividade integrada no ‘04 Encontro de Comunicação da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA).

   A possível criação de uma Ordem para os Jornalistas é vista por Eurico Reis como “um problema que tem que ser discutido entre os jornalistas”, considerando, no entanto, que “não é absolutamente necessária a sua criação”.

   “O jornalismo é uma profissão essencial para a vida em sociedade democrática” afirmou o juiz. Explicando a importância, para os profissionais do jornalismo, da instituição a que preside, Eurico Reis considera que é necessária uma entidade capaz de verificar a idoneidade dos jornalistas, acrescentando que “as pessoas tendem a confiar nestes e a formar as suas opiniões e decisões a partir do que lhes é transmitido”.

   O papel social do jornalismo é, na opinião de Eurico Reis, prejudicado pelas novas tecnologias que tornam mais difícil “distinguir o real do virtual”. A perda de credibilidade dos meios de informação tradicionais deve-se a uma saturação dos temas e à emergência dos blogues onde o indivíduo é “ele próprio fazedor da notícia”.

   Durante a conversa, conduzida por Carlos Pinto Coelho, docente da ESTA, o juiz fez ainda referência ao facto de existirem seis grupos económicos que controlam a informação e que podem pôr em causa a liberdade de imprensa. “Não há imprensa livre sem que o estatuto dos jornalistas esteja devidamente blindado”, salientou Eurico Reis, acrescentando que “os interesses comuns prevalecem sempre, prejudicando o jornalismo”.

   Eurico Reis mencionou ainda o facto de a certificação e credibilização dos jornalistas depender em grande parte da humildade dos profissionais que têm que entender que “não é possível apreender toda a realidade”. O juiz admite a possibilidade do erro e de os jornalistas serem enganados pelas fontes, explicando que “não se pode prometer verdade, mas o esforço da verdade”.

O jornalismo é uma profissão essencial para a vida em sociedade democrática” afirmou Eurico Reis

Fotografia: Daniel Cruz

“Não é possível apreender toda a realidade”

 

Vera Agostinho

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