“As entidades
patronais não querem uma Ordem, pois quantos menos direitos
tiverem os jornalistas melhor” afirmou, ontem, o juiz Eurico
Reis, Presidente da Comissão da Carteira Profissional dos
Jornalistas, no “À Conversa com…”, uma actividade integrada no
‘04 Encontro de Comunicação da Escola Superior de Tecnologia de
Abrantes (ESTA).
A possível criação
de uma Ordem para os Jornalistas é vista por Eurico Reis como
“um problema que tem que ser discutido entre os jornalistas”,
considerando, no entanto, que “não é absolutamente necessária a
sua criação”.
“O jornalismo é
uma profissão essencial para a vida em sociedade democrática”
afirmou o juiz. Explicando a importância, para os profissionais
do jornalismo, da instituição a que preside, Eurico Reis
considera que é necessária uma entidade capaz de verificar a
idoneidade dos jornalistas, acrescentando que “as pessoas tendem
a confiar nestes e a formar as suas opiniões e decisões a partir
do que lhes é transmitido”.
O papel social do
jornalismo é, na opinião de Eurico Reis, prejudicado pelas novas
tecnologias que tornam mais difícil “distinguir o real do
virtual”. A perda de credibilidade dos meios de informação
tradicionais deve-se a uma saturação dos temas e à emergência
dos blogues onde o indivíduo é “ele próprio fazedor da notícia”.
Durante a
conversa, conduzida por Carlos Pinto Coelho, docente da ESTA, o
juiz fez ainda referência ao facto de existirem seis grupos
económicos que controlam a informação e que podem pôr em causa a
liberdade de imprensa. “Não há imprensa livre sem que o estatuto
dos jornalistas esteja devidamente blindado”, salientou Eurico
Reis, acrescentando que “os interesses comuns prevalecem sempre,
prejudicando o jornalismo”.
Eurico Reis
mencionou ainda o facto de a certificação e credibilização dos
jornalistas depender em grande parte da humildade dos
profissionais que têm que entender que “não é possível apreender
toda a realidade”. O juiz admite a possibilidade do erro e de os
jornalistas serem enganados pelas fontes, explicando que “não se
pode prometer verdade, mas o esforço da verdade”. |