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“O jornalista é
alguém que faz o contra-poder, o assessor é alguém que auxilia o
poder”. É desta forma que João Marcelino, director do “Correio
da Manhã”, define as relações entre jornalistas e assessores.
Defendendo que a relação entre estes dois profissionais deve ser
de respeito mútuo, o director admite que ela é, mais do que
ambígua, uma “relação conflituante”.
João
Marcelino foi um dos oradores convidados pela Escola Superior de
Tecnologia de Abrantes (ESTA) para participar, hoje, no painel
“Jornalistas e Assessores: Relações Ambíguas?”, no âmbito do ’04
Encontro de Comunicação. Apesar de admitir que estas duas
actividades se devem complementar, mas sem se confundir, refere
ainda que a sociedade é melhor se elas funcionarem como duas
actividades distintas. É nesta sequência que o director critica
o regresso dos assessores aos órgãos de comunicação social:
“Julgo que é perverso que os jornalistas circulem e possam sair
do jornalismo para desempenhar a actividade de assessor,
voltando posteriormente a exercer aquela actividade”.
“Disponibilidade para contacto e dar informação é indispensável
para que não haja mal entendidos”, afirmou Miguel Laranjeiro,
ex-assessor de António Guterres. Admitindo que as relações entre
jornalistas e assessores possam ser ambíguas, Miguel Laranjeiro
refere que estas se devem basear em pilares como a confiança, a
verdade e a transparência.
Em
relação aos limites que deve haver entre a actividade
jornalística e de assessoria, Miguel Laranjeiro refere que,
independentemente dos códigos de ética e deontologia, fica na
consciência de cada um onde deve acabar a relação.
Por
sua vez, Alberto Bastos, director de “O Mirante”, lembrando que
o “jornalista não gosta muito de falar com intermediários”,
admite que os assessores podem ser úteis. Nomeadamente quando
dão a informação necessária que esclarece as dúvidas do
jornalista.
Nelson de Carvalho, presidente da Câmara Municipal de Abrantes,
concorda com a ambiguidade existente entre jornalistas e
assessores. Acrescenta que a relação entre estes chega mesmo a
ser de cumplicidade e de equívocos, mas, apesar deste facto,
afirma que é possível ter um acesso à informação mais ou menos
credível. |