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Começou
por brincadeira na rádio, passou pela televisão como
apresentador, foi jornalista desportivo, é actor e, mais
recentemente, romancista. Esta é a versatilidade da carreira de
Artur Agostinho – um homem da Comunicação.
“Fui
dos primeiros a adoptar a máquina de escrever”. Artur Agostinho
faz questão de acompanhar o progresso tecnológico e esta é só
uma das características da sua carreira de 66 anos, durante a
qual passou pelas principais transformações da Comunicação
Social, desde o trabalho manual na realização de um jornal, até
ao uso do computador e da Internet: “a Internet é um elemento de
informação”, explica.
O
acompanhamento da evolução tecnológica deu-se em simultâneo com
outro desenvolvimento – a história política do país. O
ex-jornalista desportivo sentiu as dificuldades de trabalhar sob
censura, mas viveu a liberdade de expressão vinda com o 25 de
Abril de 1974. A revolução permitiu, por exemplo, o livre acesso
às notícias internacionais, pois, como revela, “nós vivíamos num
mundo muito fechado, recebíamos informações de fora
clandestinamente”. Com a instituição da liberdade de expressão,
não deixa esquecer que “continua a haver formas de censura e
pressão nos jornalistas, feitas de forma indirecta. Dentro de um
grupo que compõe um jornal, a opinião de certas pessoas pode
sofrer consequências. Uma das formas de censurar é criticá-las”.
Além disso, para si, há hoje o perigo de certas pessoas
transformarem a liberdade em libertinagem. “A liberdade é muito
importante, mas nós devemos ter em sentido que a nossa liberdade
tem de respeitar a liberdade alheia”, explica. Fala ainda do
sensacionalismo, não como uma consequência directa da liberdade
de expressão, mas sim desta “libertinagem”. Artur Agostinho
refere que “o problema do sensacionalismo” resulta, em primeiro
lugar, da “guerra das audiências” .
Abutres, a obra de Artur Agostinho
Quando questionado sobre qual a área que mais gosta dentro da
comunicação social responde: “Gosto de todas. Da rádio gosto por
questão de gratidão, de ternura, ela transforma o ouvinte numa
personagem activa. Gostei muito de fazer jornalismo, sobretudo
na fase em que fui director de um jornal. A televisão é
deslumbrante, embora transforme o espectador numa pessoa passiva
e escrever tem sido uma grande paixão”. Nesta área lançou
recentemente o romance Abutres onde confessa ter sido “tocado
por factos reais”ao escrever sobre os jornalistas e as suas
pressões.
Como
conselhos para um jornalista em início de carreira apela à
humildade, ao desejo de aprender, à ambição – no sentido de
fazer melhor no dia seguinte –, ao reconhecimento e à correcção
de eventuais erros e conclui que o “jornalismo é uma missão
difícil, pesada e importante na divulgação da verdade. |