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 > 7 Março 2005 | Manhã

“O jornalismo é uma missão difícil”

 

Começou por brincadeira na rádio, passou pela televisão como apresentador, foi jornalista desportivo, é actor e, mais recentemente, romancista. Esta é a versatilidade da carreira de Artur Agostinho – um homem da Comunicação.

   “Fui dos primeiros a adoptar a máquina de escrever”. Artur Agostinho faz questão de acompanhar o progresso tecnológico e esta é só uma das características da sua carreira de 66 anos, durante a qual passou pelas principais transformações da Comunicação Social, desde o trabalho manual na realização de um jornal, até ao uso do computador e da Internet: “a Internet é um elemento de informação”, explica.

   O acompanhamento da evolução tecnológica deu-se em simultâneo com outro desenvolvimento – a história política do país. O ex-jornalista desportivo sentiu as dificuldades de trabalhar sob censura, mas viveu a liberdade de expressão vinda com o 25 de Abril de 1974. A revolução permitiu, por exemplo, o livre acesso às notícias internacionais, pois, como revela, “nós vivíamos num mundo muito fechado, recebíamos informações de fora clandestinamente”. Com a instituição da liberdade de expressão, não deixa esquecer que “continua a haver formas de censura e pressão nos jornalistas, feitas de forma indirecta. Dentro de um grupo que compõe um jornal, a opinião de certas pessoas pode sofrer consequências. Uma das formas de censurar é criticá-las”. Além disso, para si, há hoje o perigo de certas pessoas transformarem a liberdade em libertinagem. “A liberdade é muito importante, mas nós devemos ter em sentido que a nossa liberdade tem de respeitar a liberdade alheia”, explica. Fala ainda do sensacionalismo, não como uma consequência directa da liberdade de expressão, mas sim desta “libertinagem”. Artur Agostinho refere que “o problema do sensacionalismo” resulta, em primeiro lugar, da “guerra das audiências” .

    Abutres, a obra de Artur Agostinho

   Quando questionado sobre qual a área que mais gosta dentro da comunicação social responde: “Gosto de todas. Da rádio gosto por questão de gratidão, de ternura, ela transforma o ouvinte numa personagem activa. Gostei muito de fazer jornalismo, sobretudo na fase em que fui director de um jornal. A televisão é deslumbrante, embora transforme o espectador numa pessoa passiva e escrever tem sido uma grande paixão”. Nesta área lançou recentemente o romance Abutres onde confessa ter sido “tocado por factos reais”ao escrever sobre os jornalistas e as suas pressões.

   Como conselhos para um jornalista em início de carreira apela à humildade, ao desejo de aprender, à ambição – no sentido de fazer melhor no dia seguinte –, ao reconhecimento e à correcção de eventuais erros e conclui que o “jornalismo é uma missão difícil, pesada e importante na divulgação da verdade.

Artur Agostinho atenta para o perigo de se transformar a liberdade em libertinagem

Fotografia: Gabriel Mendes

“A liberdade é muito importante, mas nós devemos ter em sentido que a nossa liberdade tem de respeitar a liberdade alheia”

 

Daniela Areia

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