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“Os blogues ainda não são de
confiança”. Esta foi a principal ideia que Rui Baptista,
jornalista do Público, trouxe ao painel “Blogues: Credibilidade
ou farsa?”, no âmbito da ‘04 Encontro de Comunicação da Escola
Superior de Tecnologia de Abrantes. “É preciso saber ler blogues,
tal como é preciso saber ler jornais”, afirmou Rui Baptista
quando questionado sobre o facto de se usar cada vez mais os
blogues como fontes de informação. Acrescentou ainda que se deve
desconfiar daqueles que dão notícias, e “não dos que fazem
reflexões do dia-a-dia”.
O colaborador do
Inimigo Público e um dos pioneiros da “Blogosfera”, lembrou que
nos primeiros tempos estes espaços funcionavam como “um campo de
batalha ideológica”. Actualmente, alguns deles são usados como
“instrumento de poder”, podendo ter consequências na vida das
pessoas.
“O aspecto mais
negativo dos blogues é o anonimato”, defendeu Rui Baptista,
afirmando que muitas vezes são feitas difamações e, por isso, é
necessária “prudência e bom senso”. Apesar disso, o anonimato
pode ter um efeito positivo, ao serem denunciados casos que não
são do conhecimento geral. “Há muitos jornalistas que escrevem
em blogues porque não podem dar as suas opiniões nos jornais
onde trabalham”, disse Rui Baptista.
Por sua vez, Luís
Santos, docente na Universidade do Minho e investigador do
fenómeno dos blogues, referiu que esta plataforma é uma forma de
exercer a cidadania e que o seu crescimento resulta dos espaços
deixados pelas estruturas políticas, sociais, mediáticas e
comerciais. São um “espaço de ruptura” e de “tertúlias
partilhadas, onde nascem ideias originais”.
A atracção dos
blogues “está na sua proximidade” e na sua “interactividade
apaixonante”, sustentou Pinheiro Torres, ex-deputado do PSD.
Outra das vantagens é o facto de serem “um meio privilegiado de
interacção entre a política e os eleitores”, o que permite aos
políticos poderem “comunicar aquilo em que acreditam”.
Ana Anes, assessora da Câmara Municipal de Sintra, conta que foi
através dos blogues que descobriu que gostava de escrever e que
tinha talento. “Abriu-me as portas para a imprensa escrita” –
revelou a colaboradora do Independente e do Diário de Notícias.
Os blogues proporcionam ainda “um efeito terapêutico”, uma
opinião partilhada por Rui Baptista.
Na opinião da
assessora, os blogues podem ser promíscuos, já que “são feitos
por pessoas”, com a agravante de não existir nada que regule o
seu conteúdo. O mesmo destacou Luís Santos, ao dizer que “os
bloguers são como os jornalistas: há uns com ética e
credibilidade e outros que fazem da Blogosfera um sítio onde
brincam e produzem boatos”. |