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 > 9 Março 2005 | Tarde

“Não há sensacionalismo por aí além”



“As estratégias da TVI passam não pelo sensacionalismo puro e duro, mas pelo impacto”. Estas foram as palavras com que Júlio Magalhães, pivot da TVI, iniciou o quarto painel do ’04 Encontro de Comunicação da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, subordinado ao tema “Sensacionalismo: uma tendência para o futuro?”.

   O jornalista da TVI assume que a sua estação “é a mais sensacionalista de Portugal”, salientando que esta realidade tem a ver com uma estratégia televisiva para estar mais próximo das pessoas. Saúde e sociedade são os temas que mais prendem os telespectadores, sublinhou. A título de exemplo, Júlio Magalhães lembrou que enquanto as outras estações de televisão tratam da questão do desemprego mostrando as estatísticas, a TVI apresenta casos reais de famílias nessa situação.

   Para Júlio Magalhães, em matérias de sensacionalismo, a diferença reside muito mais nos jornalistas do que nos órgãos de comunicação. Segundo este jornalista, a ética e a deontologia, hoje em dia, são feitas pelas pessoas que trabalham nas redacções.

   Quanto ao futuro da televisão, Júlio Magalhães defende que este passará pela segmentação de canais, o que permitirá ao público dominar a televisão e seleccionar a informação pretendida.

   Miguel Gaspar, editor da secção de Media do Diário de Notícias (DN), recorreu à definição de sensacionalismo de Fernando Cascais, que o caracteriza como “a forma distorcida do tratamento dos dados jornalísticos”. O jornalista do DN acrescenta que o sensacionalismo é a forma mais fácil de aproximação ao público: “Muitas vezes chega-se às pessoas com assuntos espectaculares e divertidos ocultando-se assuntos importantes do quotidiano, coisas importantes para a nossa vida do ponto de vista prático”.

Directo e Tempo Real
   Miguel Gaspar realçou ainda a importância de dois factores inerentes ao jornalismo televisivo: o directo e o tempo real. Se por um lado esta é uma forma de aproximação, por outro pode dar mais ênfase ao acontecimento do que na realidade tem.

   No que concerne à Internet, Miguel Gaspar caracteriza este meio de comunicação como uma forma de divulgação de notícias, sejam elas públicas ou privadas, de forma livre, sem qualquer controlo.

   Em Portugal há “um estranho puritanismo” e censura no que respeita à publicação de fotografias com violência. Para além de defender esta ideia, Duarte Mexia, editor da revista Fotochoque, frisou que “apenas 5% das fotografias mundiais são publicadas no país”. Este jornalista considera que a autenticidade, o bom gosto e a forma como se fazem as coisas é que determinam se há ou não sensacionalismo numa peça jornalística.

   Para Mexia, a fotografia serve como “um ponto de indignação e de elucidação da realidade” e dá exemplos de casos como a guerra do Vietname, que só acabou após a publicação de fotografias relativas a esta no Washington Post. Este editor rematou a sua intervenção considerando que em Portugal “não há sensacionalismo por aí além”.

   Octávio Ribeiro, sub-director do Correio da Manhã, defende que “o sensacionalismo acontece quando o título ou o corpo da notícia vai para além da realidade”. Contudo, argumenta que a inquietação só se consegue com o impacto dos sentimentos e das emoções. Em jeito de conclusão, remata dizendo que o respeito pelos factos e a hierarquização são fundamentais para uma informação credível.

A TVI "é mais sensacionalista de Portugal", afirma Júlio Magalhães

Fotografia: Gabriel Mendes

“o sensacionalismo acontece quando o título ou o corpo da notícia vai para além da realidade”

 

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