NotíciasV EncontroProgramaMensagem do DepartamentoInscriçãoGaleriaContacto
 
Inédia

Público
CM Abrantes
 

Economia é desmistificada


“Não existe jornalismo económico, existe jornalismo e pronto. A economia é apenas uma especialização”, afirmou Celso Filipe, editor do Jornal de Negócios, numa palestra dedicada ao poder da informação económica, em Portugal, numa altura em que os temas da actualidade são as OPAs, as taxas de juro e o défice. A ideia foi defendida no terceiro dia do ’06 Encontro de Comunicação da ESTA.


O debate de ideias ajudou a esclarecer a relação entre o jornalismo e a economia e, como em outros géneros, o objectivo é contar uma história. “O jornalista tem que simplificar. Simplificar é tornar claro”, revelou Celso Filipe. No entanto, Luís Villalobos, editor do suplemento de economia do Público, chamou a atenção para o facto de que “escrever de uma forma simplificada é complicado. Para isso é preciso saber muito bem o que se está a fazer”, afirmando mesmo que “o jornalismo económico é muito fechado”.


Sílvia Oliveira, redactora principal do Diário Económico, evidenciou o rigor da informação na área do jornalismo económico, uma vez que “qualquer informação que se passa tem que ser rigorosa, pois se não for verdadeira, pode ter um impacto muito grande”. Todavia, o editor de economia do Público acredita que os jornalistas são um veículo de transmissão de notícias: “Nós não despedimos ninguém, não somos responsáveis pelos erros dos outros. Apenas damos a informação”.


A redactora do Diário Económico abordou, também, uma questão que divide as opiniões: podem, ou não, os jornalistas de economia ter acções na bolsa? Sílvia Oliveira não concorda, mas admite as duas perspectivas, esclarecendo que, se as possuem, devem “saber manter a distância e não se aproveitarem da informação que têm”. Para Celso Filipe, esta questão levanta um problema: “O mais importante da nossa profissão é o código deontológico”. Assim, “um jornalista não deve ter acções na bolsa porque o inibe”.


Neste painel também se debateram outras questões importantes inerentes ao jornalismo em geral. Sílvia Oliveira evidenciou as dificuldades económicas na imprensa, relembrando que “os jornais estão dependentes da publicidade para sobreviverem”. Luís Villalobos observou que “o jornalismo já não é uma profissão romântica porque se calhar nunca o foi”, havendo “cada vez menos pessoas a fazer mais”, enquanto que o editor do Jornal de Negócios aproveitou para dizer que “ser jornalista é fazer perguntas e questionar. É ir aos sítios”.


Numa era da comunicação, em que a Internet assume grande importância nas nossas vidas e mobiliza muitos utilizadores, Villalobos acrescentou que “o jornalismo não está em risco, o que está em risco é o formato. Mas no fundo o que interessa é a informação”.

 

Ana Torres
Daniela Costa

<<voltar